Eraldo Gueiros passeia pelo tubo da laje de Saquarema. Foto: Rick Werneck / O Globo.
Toda a logística foi preparada com apoio dos patrocinadores dos atletas e a equipe partiu com destino a Saquarema, litoral Norte do Rio de Janeiro, na noite da quarta-feira, 8 de abril, para a expedição formada por Eraldo Gueiros, Carlos Burle, Rick Werneck (fotógrafo), Ylan Blank (big rider na pilota do jet de apoio) e Roger Ferreira (jornalista).
A primeira investida na laje foi feita na manhã do dia seguinte, com ondas pequenas em torno de 1,5 metros. A ação foi fundamental para o sucesso da expedição, já que a partir daquele momento todos os envolvidos tiveram a certeza de que o local seria o mais apropriado para aproveitar o restante do swell.
O time retornou para Saquarema na noite de sexta-feira (10/04), e, na manhã do dia seguinte, toda a logística foi novamente preparada para Eraldo e Burle partirem rumo à laje, que fica a 20 minutos de jet da praia de Itaúna, em Saquarema. Os demais integrantes da equipe seguiram de carro, desta vez com o reforço de Marcos Monteiro, salva-vidas e big rider local, Marcos Monteiro.
Como previsto, o mar ganhou tamanho durante o dia e a sessão de tow-in teve início com Burle rebocando Eraldo para o reconhecimento da laje. Ondas grandes quebraram pesadas em cima da rasa bancada de pedras, porém ainda com formação prejudicada pelo vento maral.
No jet de apoio, pilotado pelo big rider da Ylan Blanknova geração, o renomado fotógrafo Rick Werneck registrava toda a ação. Ylan aproveitou a oportunidade e também foi rebocado por Eraldo para algumas ondas durante a sessão, assim como Marcos Monteiro, acostumado a surfar na remada grandes swells na região.
Para ter idéia da força do mar naquela tarde de sábado, o quebra-coco era de ondas de até 3 metros, fator que obrigou Eraldo a abortar sua segunda tentativa de partir com o jet da praia, depois de resgatar a prancha de tow-in perdida por Marcos. A retirada do jet teve que ser feita na carreta engatada em um dos carros da equipe, com a imprescindível ajuda dos expectadores na praia.
O mar havia baixado no domingo de Páscoa, mas ao chegar na laje séries de 2 a 3 metros continuavam a bombar tubulares e perigosas sobre a rasa bancada de pedra. Eraldo e Burle aproveitaram novamente todo o potencial do pico, surfando tubos secos e quadrados, assim como Ylan Blank e Marcos Monteiro, que aproveitaram com determinação a oportunidade de surfar ondas de alto nível no Brasil rebocados pelos mestres campeões mundiais.
À noite, acompanhando os mapas de previsões na internet, os integrantes da barca constataram que as melhores condições do swell estavam reservadas para a segunda-feira (13/04).
O dia amanheceu especial, e logo às 6 da manhã a equipe engatou as carretas com os jets nos carros, preparou todo o equipamento e partiu em grande expectativa. Os jets foram colocados na água com ondas grandes de até 4 metros quebrando perfeitas na praia de Itaúna, com vento terral, sol e água cristalina, condições clássicas para o Rio de Janeiro.
A chegada na laje foi um misto de êxtase e incredulidade, pois Burle e Eraldo se depararam com condições incríveis no quintal de casa. As séries fechavam o horizonte e marchavam volumosas até encontrar a rasa bancada de pedras, formando paredes ocas, tubulares e bastante assustadoras de até 5 metros.
Os big riders aproveitaram as condições épicas por mais de 5 horas. Burle e Eraldo, além de surfarem com toda técnica e experiência as melhores séries do dia, também rebocaram Ylan Blank, Marcos Monteiro e Patrick Reis para ondas espetaculares.
“Sempre foi um sonho surfar nessa laje de tow-in. Eu já a conhecia e havia surfado lá no braço, mas sem êxito. De fora d`água até parece ser possível remar pra onda, mas só quando se vê a laje submersa de perto tem-se a real noção da coisa. A equipe envolvida na expedição é muito profissional e por mais que todos tenham estendido os limites ao máximo, saímos ilesos”, comentou Marcos Ribeiro, profundo conhecedor do pico.
Um dos momentos mais assustadores e perigosos da sessão foi protagonizado por Ylan, que largou a corda muito dentro da onda, dropando uma morra de 5 metros bem em cima da bancada de pedras expostas. O ‘garoto’ Foi arremessado por cima da laje, saindo milagrosamente intacto do caldo.
"Eu não sabia que no Brasil existiam ondas assim, na verdade em qualquer outro lugar do mundo seria um dia de surfe pesado e de altas ondas, ainda mais aqui, pertinho de casa”, disse Blank.
Ao final da expedição histórica para o surf brasileiro, Carlos Burle e Eraldo Gueiros comemoraram bastante a iniciativa inédita de praticar tow-in com estrutura de ponta, em uma das lajes mais perfeitas para o surf extremo de nosso litoral.
“É com certeza uma das melhores ondas do Brasil, junto com Ilha dos Lobos, em Torres, Rio Grande do Sul. Uma descoberta para o estado do Rio. Sempre quisemos encontrar uma onda assim. O surpreendente é a formação dela, perfeita, mas pode ser mortal”, relatou Burle.
Eraldo não conseguia deixar a emoção de lado. “Foi espetacular surfar rebocado uma onda de nível internacional aqui no Rio de Janeiro, pertinho de casa. Estou sem palavras para expressar o que sinto neste momento”, comerntou.
O fotógrafo Rick Werneck foi outro que ficou muito satisfeito com a expedição. “Nesta Páscoa eu completei exatos 28 anos de fotografia de surfe e não poderia celebrar de maneira melhor, fotografando as ondas mais ‘casca grossas’ que eu já vi no Brasil. Isso me deu um gás para fotografar por mais 28 anos... E mais 28...”, disse.
Confiram fotos da sessão de segunda-feira (13/04), na Laje de Saquarema direto do blog Radicais no site do jornal O Globo e no site Carlos Burle.
Imagens inéditas clicadas por Rick Werneck nas sessões de domingo (12/04), e segunda-feira (13/04), serão publicadas em uma das próximas edições da revista Fluir. Go Big!
Por Roger Ferreira em 19/04/2009 01:35 - fonte: WAVES
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