quarta-feira, 20 de maio de 2009

"SWELL SONORO" - Novos e bons sons para desentupir os ouvidos e fazer a cabeça.



por Eduardo Formiga - correspondente sonoro SurfPE - 20/05/09 - 21:00
Formiga


Um dia desses estava num bar tomando “umas” com um amigo e inevitavelmente nossa conversa versava sobre música... Ele me perguntou: “E o Sonic Youth?” Respondi prontamente: “Por mim o Sonic Youth já tinha acabado!” Ele replicou: “Tá louco cara! Quem tem que acabar é essas bandas de forró-brega nojentas!” Justifico minha opinião radical em relação ao Sonic Youth, ainda que eu seja uma pessoa suspeita para falar de tal, já que sou fã a vinte anos deste quarteto nova-iorquino.


Sonic Youth microfonias elevadas às alturas - foto:WEB



Para mim os Sonics têm três fases: a primeira com os álbuns Sonic Youth (1982), Confusion is Sex (1983), Sonic Death (1984), Bad Moon Rising (1985), Evol (1986) e Sister (1987).

Nesta fase temos uma banda extremamente experimental e inconstante, com muito noise (microfonias elevadas às alturas) e uma forte influência do punk e do hardcore californiano (Black Flag, Dead Kennedys...). Na segunda fase, temos um Sonic Youth não menos experimental, mas com um som denso... Baixo e Guitarras furiosas com uma levada poderosamente punk.

Os discos Daydream Nation (1989), Goo (1990) e Dirty (1992) são três discos fundamentais para a história do rock, pois neles percebemos uma “pitada” de influências como o The Stooges, o Velvet Underground, o Sex Pistols entre outros, numa sonoridade totalmente nova que inclusive flerta com o Pop.

Pop no sentido de criar possíveis hits tocáveis nas rádios e MTVs da vida... Músicas como Teen Age Riot, Dirty Boots, Mary-Christ e 100% foram rapidamente absorvidas pela geração anos 90 do grunge.

Não por acaso, temos a entrada do baterista Steve Sheylle, que ajudou a dar personalidade ao experimentalismo muitas vezes inconstante dos Sonics. De temperamento tímido e muito discreto, Shelley é um dos melhores bateristas do rock e é justamente nesta fase do Sonic Youth que ele demonstra isso.

Enfim, a terceira e última fase se caracteriza pela decadência dos Sonics... Daí parte minha opinião: “Preferia que o Sonic tivesse acabado como o Pixies, breves mais intensos!”. A partir do álbum Dirty o Sonic Youth se repetiu e ficou enfadonho... e pior, os caras ficaram virtuosos em fazer barulho. Músicas longas, lentas e com noises firulentos. Nada daquela pegada punk que tornava o som da banda tão original.



Capa do álbum "The eternal" mais novo trabalho da banda - foto: Reprodução


Mas toda essa introdução é para falar do novo álbum que os caras acabam de lançar... The Eternal será lançado no dia 9 de junho, mas que já “vazou” na internet. Trata-se do melhor álbum que o Sonic Youth lançou desde Dirty: músicas urgentes, descompromissadas e com uma pegada de rockão do anos 60 que lembram o MC5.

Faixas como Antena e No Way são simplesmente geniais e sem firulas, uma volta ao velho e bom punk. Já as faixas Anti-Orgasm e Thunderclap (for Bobby Pyn) são super divertidas e com direito a um duo no refrão entre Thurston Moore e Kim Gordon... Além de Poison Arrow, What We Know, Leaky Lifeboat e Sacred Trickster que são incríveis... Enfim, as músicas continuam grandes, mas o disco é todo muito bom.

Não é fácil envelhecer no rock n’ roll... O que me faz ser fã do Sonic Youth é a capacidade dos caras de se reinventar numa época em que parece que tudo já foi feito!

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