Por: Cris Shine - 08/09/09 - 21:00 - Fonte: CameraSurf
Taiu em Pipeline - Dezembro de 1990 - Foto: Divulgação
Sábado, final de semana compridão por conta do feriado da Independência. Guarujá lotado. Calçadão bombando de turistas e locais. Pra melhorar, deu onda e à noite teve show do “Funk como le Gusta”.
Estávamos sentados esperando o show começar quando vejo Taiu vindo em nossa direção. Kareca levantou. Eu fiz apenas um aceno e fiquei onde estava. Instinto. Eles precisavam conversar a sós.
Já vi espetáculos que o cenário do surf proporciona, mas a cena que presenciei foi uma das sessions mais alucinantes de surf no seco que poderia ter visto na vida. Taiu e Kareca, anônimos no meio da multidão, cabeças unidas, chorando. Os dois.
Eu ali sentada. Só olhando. O papo durou no máximo uns 10 minutos, mas foi resultado de mais de uma década de amadurecimento. Taiu, logo após o acidente, escreveu uma coluna onde fazia um comentário pouco elogioso ao Kareca.
Na época, ficamos muito magoados, principalmente porque o depoimento dele pesou muito no meio do surf. Ele estava muito ligado à fábrica. E a notícia do acidente havia nos atingido em cheio. No fundo,apesar da mágoa, sabíamos que o que saiu na revista não era algo para ser guardado na alma.
Com o tempo, aprende-se que o papel aceita tudo. E assim, fomos acompanhando de longe a nova carreira dele dentro do surf. Meio de longe, mas sem perder o foco.Aí, voltando à cena dos dois abraçados chorando, caí na real do quanto todos nós evoluímos nesses anos todos.
Quando Kareca voltou pro meu lado para assistir o show, ainda estava emocionado demais pra contar o que havia se passado, mas eu sabia. Tinha certeza.
Taiu, usei esse espaço pra mostrar que uma vez big rider, eternamente big rider. Você cresceu cara.
Nunca vou esquecer essa cena de coragem, amizade e desprendimento. Com certeza essa série foi uma daquelas inesquecíveis, do tipo: precisava de jet, mas você entrou na remada.
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