Autor: redação SurfPE - Por: Cris Shine - 09/12/09 - 12:49 - Fonte: www.camerasurf.com.br
Imagem é tudo - foto: divulgação.
Toda publicação especializada em surf mantém uma seção “ego satisfeito”, destinada a exatamente isso: satisfazer o ego dos anônimos surfistas espalhados por esse litoral, sem os quais, não teria o surf assumido um local de prestígio na mídia nos últimos anos. Impossível dissociar o surf dessa concepção de espetáculo que nos remete à idéia de que precisamos de platéia para aplaudir nosso desempenho.
A imagem é tudo. Ponha um fotógrafo na beira d’água e perceba de imediato o rebuliço que se cria entre os surfistas disputando seus quinze minutos de fama. Surgiu por conta disso uma modalidade que costumo chamar de lambe-lambe hi-tech.
Fotógrafos iniciantes com equipamentos digitais que ficam na beira d’água fotografando a galera que ao sair do mar já corre em busca dos momentos clicados. O único problema é que nem sempre a imagem final corresponde à expectativa do surfista.
É muito engraçado perceber a decepção de alguns, ao ver o tamanho da onda e a manobra que ficou registrada na foto. Eles sempre acham que o mar estava maior e que o fotógrafo não soube escolher o melhor momento. Nesse caso vale o argumento incontestável de que uma “imagem vale mais do que mil palavras”
Imagine sua revista de surfe sem fotos. A ironia é que muitos “leitores” nem lêem as matérias, só vêem as fotos. Ficam viajando nas imagens como se estivessem surfando, vivendo aquele momento irado, totalmente absortos no visual. Solidários ao protagonista preso ao papel. Por isso, não há matéria sem imagem. Eu mesma, já escrevi bons textos que ficaram “engavetados” à espera de uma foto decente. Quem escreve sabe da importância de carregar um fotógrafo que consiga captar o “espírito da matéria”.
Patrocinadores cobram de seus atletas que apareçam na mídia e muito patrocínio já foi pro brejo por causa do desempenho fraco do surfista frente às máquinas fotográficas. Tem atleta que por timidez se fecha e não consegue trabalhar o marketing pessoal. Por outro lado, alguns atletas ficam famosos pela quantidade de vezes que aparecem nas páginas das revistas.
E isso leva a um assunto que corre meio “velado” nos bastidores: o fato das grandes marcas correrem atrás de atletas bonitinhos e loirinhos para “enfeitar” seus anúncios. Longe de ser lenda esse fato já atrapalhou a carreira de muito atleta bom, mas que não corresponde ao biótipo esperado pelo marketing.
Fotógrafos precisam de bons equipamentos, mas tanto quanto a qualidade das máquinas pesa a perfeita sintonia entre eles e os surfistas. Alguns atletas pela fama de atirados que conquistaram são unanimidade entre os profissionais da imagem.
Imagine fazer uma barca para um pico alucinante e perder os melhores momentos porque o atleta amarelou.
Eu, na função de cronista, usei da palavra, meu instrumento de trabalho, para encher a bola dos fotógrafos, fotografados, editores de imagens. Eles merecem. Mas, justiça seja feita, se você chegou até aqui é porque acredita também no poder da palavra.
Nenhum comentário:
Postar um comentário