Às vésperas do início do Circuito de Surfe Feminino, descendente de índio lamenta desinteresse no esporte e descaso do governo: 'Há preconceito'
Tininha quando levou o o bicampeonato do circuito feminino - Foto: Divulgação
Ela chega de bicicleta e com um agasalho de malha para proteger do frio que incomoda na Praia da Macumba, no Recreio dos Bandeirantes, no Rio de Janeiro.
O jeito simples e o sorriso contido são características notáveis nesta índia paraibana, que veio para a Cidade Maravilhosa em busca do sucesso no surfe.
Bicampeã do Circuito de Surfe Feminino e primeira vencedora da história de uma etapa do WQS no Arpoador, considerado o berço do esporte no país, Diana Cristina, a Tininha, é considerada uma das maiores revelações das praias nacionais.
O currículo, por si só, deveria garantir uma série de interessados em patrociná-la. Mas não tem sido bem assim. Sem um patrocinador desde o final do ano passado, a surfista tem tido problemas para se manter na ativa.
Tininha, que veio da Tribo Potiguara, na Paraíba, para o Rio junto dos pais em 2007, busca um novo patrocínio há seis meses. Entre as competições nacionais, ela viaja pelo país buscando soluções para o problema.
Na última semana, foi a Santa Catarina conversar com uma marca interessada, mas não deu certo. Atualmente, a surfista recebe apenas a ajuda dos pais, que, sem condições de continuarem na Cidade Maravilhosa, voltaram para a Paraíba, e do Governo de seu estado natal.
Em breve, começará a receber também o Bolsa Atleta, programa do Ministério do Esporte que beneficia esportistas de alto rendimento.
Além disso, tem o apoio de Thiago Cunha, shaper carioca que faz suas pranchas. Mas ainda é pouco.
- "Eu gasto cerca de R$ 3 mil entre passagens e hospedagens nas competições, se forem só as nacionais. Acho que é problema dessa crise. Antes de atingir o Brasil, o pessoal ajudava, mas hoje isso não acontece. É uma coisa que está atingindo a todas no circuito. Das 16 que participam, acho que apenas cinco estão com patrocínio. No masculino, é diferente. O que a gente vê é que todos estão com patrocínio"– reclamou. Apesar da ajuda que recebe do Governo da Paraíba, Tininha acredita que o surfe ainda não tem a visibilidade e o respeito que merece no país.
- Acho que o governo brasileiro não acredita no surfe. Eles olham e logo pensam “Ih, é surfista, não quer nada da vida”. Tem um certo preconceito – afirmou.
- Acho que o governo brasileiro não acredita no surfe. Eles olham e logo pensam “Ih, é surfista, não quer nada da vida”. Tem um certo preconceito – afirmou.
Tininha em ação: revelação passa dificuldades para conseguir patrocínio - Foto: Divulgação
Tininha também não esconde a decepção de não poder ajudar mais seus pais, Seu Maronilton e dona Sandra. Até voltarem para a Paraíba, era ela quem sustentava a casa no Rio.
- "Meus pais tiveram de voltar. Quando vim para o Rio, já tinha patrocínio. Agora, que perdi, fiquei buscando, mas não consegui até agora. Quero voltar a ajudar. Depois que eu perdi o patrocínio, tive que parar de fazer academia, largar o curso de inglês. Agora a ficha caiu "– disse.
A falta de verba também tem prejudicado a carreira de Tininha lá fora. Sem ter participado de nenhuma etapa do WQS em 2009, ela deixa de competir com nomes internacionais e, assim, atrapalha a evolução de seu surfe.
- A partir do momento que você não participa de torneios internacionais, aquele patrocinador que dava vai perder o interesse, porque você participa apenas dos campeonatos daqui, que já ganhou. Então, passa a apostar em nomes novos.
Apesar da falta de patrocínio no circuito feminino, ela acredita que o campeonato deste ano vai ter um nível alto de disputa. Ela cita, por exemplo, a presença de nomes como Tita Tavares, Krisna de Souza e meninas novas, como Camila Cássia.
- As meninas estão surfando bastante e treinando para que eu não consiga ficar com o tri. Mas eu também tenho me esforçado e estou confiante para buscar o título.
Em meio aos problemas e com a esperança de que um título atraia novamente um patrocinador, Tininha embarca para a primeira etapa do Circuito de Surfe Feminino de 2009 nesta quinta-feira. O evento acontece a partir de sexta, na Praia da Ponta Negra, em Natal.
A falta de verba também tem prejudicado a carreira de Tininha lá fora. Sem ter participado de nenhuma etapa do WQS em 2009, ela deixa de competir com nomes internacionais e, assim, atrapalha a evolução de seu surfe.
- A partir do momento que você não participa de torneios internacionais, aquele patrocinador que dava vai perder o interesse, porque você participa apenas dos campeonatos daqui, que já ganhou. Então, passa a apostar em nomes novos.
Apesar da falta de patrocínio no circuito feminino, ela acredita que o campeonato deste ano vai ter um nível alto de disputa. Ela cita, por exemplo, a presença de nomes como Tita Tavares, Krisna de Souza e meninas novas, como Camila Cássia.
- As meninas estão surfando bastante e treinando para que eu não consiga ficar com o tri. Mas eu também tenho me esforçado e estou confiante para buscar o título.
Em meio aos problemas e com a esperança de que um título atraia novamente um patrocinador, Tininha embarca para a primeira etapa do Circuito de Surfe Feminino de 2009 nesta quinta-feira. O evento acontece a partir de sexta, na Praia da Ponta Negra, em Natal.
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