terça-feira, 6 de março de 2012

Alexandre Ferraz - Free Surfer pernambucano larga tudo e se manda pro Hawaii.


Por Marcelo Sá Barreto. - link fonte: 

Alexandre Ferraz abre mão de tudo no Recife (PE) para viver sonho havaiano. Foto: Arquivo Pessoal.

O pernambucano Alexandre Ferraz, o "Xandinho", é daqueles que nunca tiraram as grandes ondas da cabeça.

"Nascido e criado" em Serrambi, sempre teve a oportunidade de viver o sonho havaiano. As condições do mercado do surfe em Pernambuco, no entanto, nos últimos 20 anos, foram um empecilho e tanto.

Ano passado, cansado de empurrar com a barriga a sua vida profissional, deixou Recife para trás. Pediu demissão de empregos como professor de educação física e yoga, vendeu o carro e partiu para o North Shore - com uma boa ajuda do seu patrocinador, a pernambucana Mentor.

 
Pernambucano acerta o pé em Rocky Point. Foto: Marcio Canavarro.

Desde o início de dezembro, quando aportou no arquipélago, é destaque da temporada havaiana. "Aqui é onde você é realmente testado", afirmou o surfista, que não sabe mais quando volta ao Brasil.

Uma coisa, no entanto, é certa. O big surf entrou de vez na sua vida. É isso que ele faz de melhor, não podia estrangular o seu talento e os seus anseios.

Xandinho diz que não pretende voltar tão cedo. Foto: Marcio Canavarro.

Abaixo, a entrevista concedida pelo big rider para o  Surf Is In The Air .


Como é largar tudo em busca do sonho havaiano?


Quando você vai em busca de um sonho, todo o universo conspira a favor. Vim ao Hawaii bancado pelo meu patrocinador com a intenção de passar um mês, pelo orçamento da empresa. Mas já sabia que uma oportunidade como essa sera única na minha vida e mentalizei passar um tempo maior e aproveitar o máximo. Vendi meu carro, conversei com meus coordenadores, joguei aberto com os quatro empregos em academias e em um hotel, na área de educação física, que é a minha formação, e todos me deram o maior apoio, assim como minha família. Juntei minhas rescisões e seguro desemprego e não pretendo voltar tão cedo.

Onde você esta morando? Divide a casa com alguém?


Estou na cidade histórica de Haleiwa, rachando aluguel com meu amigo Inaldo Vieira, também free surfer profissional. A casa é alucinante. É tipo uma fazenda, que apelidei de "Africa Jungle", pois tem vérios animais e plantações. Sinto-me em Serrambi no inverno. Um lugar perfeito para refletir, relaxar e praticar uma boa yoga.

Como é a sua rotina?

Tenho procurado viver um dia de cada vez de maneira intensa. Sempre me baseio pelas previsões de onda, monitoro diariamente o swell e escolho os melhores dia da semana para produzir material para meu patrocinador, em fotos e vídeos. Estou sempre conectado com os fotografos e filmakers. Por aqui, me matriculei em uma escola do Governo que tem um excelente progama gratuito chamado "Inglês Como Segunda Língua", que tem me ajudado bastante em minha primeira viagem, já que ainda não domino o idioma local. Pratico yoga diariamente, sempre com professores diferentes, com a intenção de me manter preparado fisicamente e psicologicamente para enfrentar as ondas. E ainda serve como uma espécie de intercâmbio, pois trabalhei por seis anos ministrando aulas de yoga no Brasil. Além disso tudo, escolho dois dias na semana para trabalhar para ter sempre uma boa sobra no meu orçamento.

E as ondas? Já teve a possibilidade de conhecer o power das havaianas?

Aqui as ondas realmente são um sonho. Tem ondas boas todos os dias. No North Shore, que tem em média 5 quilômetros de costa, a cada 100 metros existe uma onda diferente, numa bancada de coral. Nos dias ruins pegamos ondas perfeitas de 1 a 2 metros. Nos dias bons, as ondas poder chegar até sete metros em média.

O que veio à cabeça quando você colocou os pés no aeroporto do North Shore?

Uma frase que tenho guardado para minha vida é que o cara que vai mais longe é sempre aquele que tem mais coragem de arriscar. Tenho colocado isso como meu mantra. E tenho buscado aprender com os mais experientes e me aperfeiçoar nessas ondas que eu já sabia que são desafiadoras para qualquer pessoa.

O que tem feito para driblar o localismo?

Aprendi a surfar em Serrambi. Isso facilita meu posicionamento na água, pois os tipos de bancada e onda são semelhantes. Só que, no Hawaii, as ondas são em proporção bem maior. Serrambi também tem um certo localismo, mas nada comparado ao do Hawaii. Tenho procurado chegar sozinho nos picos, sempre esperando minha vez, respeitando os locais e, aos poucos, tenho conquistado a confiança deles. Até que algumas vezes sobra uma onda boa. É só estar na água e investir tempo. Isso ocorre só nas ondas mais famosas como Pipeline, Backdoor, entre outras no qual o localismo é maior. E, em sua maioria, estão os profissionais na água. Para quem vem de férias, pode surfar tranquilo ondas de excelente qualidade em outros inúmeros picos.

Como é a interação com a galera do Brasil que está no Hawaii?

No Hawaii, durante a temporada de onda, gera um grande intercâmbio cultural. Não só entre os brasileiros. Australianos, japoneses e diversas etnias dividem o mesmo espaço. Percebo que há um grande respeito entre todos, pois aqui realmente as leis funcionam. Até os locais muitas vezes têm a consciência de que esse turismo surfístico ajuda a movimentar a economia local. O Brasil tem conquistado um grande espaço, pois grandes nomes têm passado por aqui e feito história.

Já tem alguma perspectiva de voltar ao Brasil?

Minhas expectativas são as melhores. O Hawaii abriu varias portas para mim. Estou vivendo em um lugar onde a cultura é surfe e yoga. As duas coisas que mais gosto. Não penso em voltar nem tão cedo. Pretendo daqui ir para outro país, conhecer novas ondas, novas culturas, novas pessoas e continuar produzindo um material nas melhores ondas ao redor do mundo.



Nenhum comentário:

Postar um comentário