"Desmatamento pelo progresso, covardia contra natureza" - foto: WEB
Está em tramitação na Assembleia Legislativa projeto de lei enviado pelo governo do Estado que prevê o desmatamento, de uma só vez , de 1.076 hectares de vegetação nativa no Porto de Suape.
São 893,4 ha de mangue, 17,03 ha de mata atlântica e 166,06 ha de restinga.O objetivo é a ampliação da área do complexo portuário, entre Ipojuca e Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife, para a implantação de um estaleiro.
Visão do que já foi desmatado, e ainda querem desmatar mais 1.076 hectares - foto: WEB.
É o maior, asseguram ambientalistas, desmatamento de mangue já realizado no Brasil. Para se ter uma ideia da abrangência da devastação, a área que será suprimida equivale a mais de 1.000 campos de futebol.
É que um campo corresponde a quase um hectare (10 mil metros quadrados).
A área a ser desmatada é maior do que o mangue que foi aterrado, na década de 80, para a implantação do próprio complexo: 600 hectares.
Se o procedimento é legal? É. A lei prevê esse tipo de ação, em caso de obras de utilidade pública ou interesse social, mediante decreto do governador, desde que se faça o replantio de área de igual tamanho. Como todo mundo sabe, não há mais área tão extensa disponível no litoral pernambucano.
Mas, nesse caso, existe uma outra brecha legal: se não pode replantar, o empreendedor pode fazer a compensação ambiental promovendo a conservação de uma outra área de vegetação nativa.
E, também como todo mundo sabe, o governo tem maioria na assembleia. Ou seja, o projeto certamente será aprovado e virará lei.
Bem, fica a pergunta. Alguém já parou para mensurar a relação custo-benefício da geração de emprego e renda com o estaleiro e dos inumeráveis danos ambientais que serão causados com o corte, a uma só canetada do governador, de tanta vegetação?
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