por: Comunidade News - 01/12/11 - 10:59 - link fonte:
Neco Padaratz conhece bem os problemas entre brasileiros e havaianos - foto: ASP.
Mesmo depois de duas décadas pegando ondas nas famosas praias do Havaí, o surfista Edison de Paula diz que os brasileiros não são bem-vindos no local e tem sofrido ameaças, agressões físicas e discriminação por parte dos nativos da ilha.
Um dos locais frequentados pelos surfistas brasileiros, que vem crescendo em número nos últimos anos, é a praia conhecida como North Shore. É neste local, onde as ondas podem chegar a 30 pés de altura, que uma batalha está acontecendo dentro e fora da água.
As disputas entre os surfistas locais e os estrangeiros não é nova neste local, mas com a chegada de um maior número de brasileiros, que culturalmente tendem a ser mais energéticos, as disputas estão entrando no campo da guerra racial.
Edison diz que já viu outros brasileiros sendo agredidos por havaianos por motivos relativamente sem importância, como desrespeitar a pessoa errada e, para eles mais sério, tentar pegar uma onda errada. Ele diz que carros estão sendo vandalizados, pranchas de surfe caras sendo quebradas em duas, além de narizes e dentes quebrados. “Um brasileiro pode cometer um erro na água ou ser muito agressivo na onda. Não significa que fez algo errado, mas isso não importa: ele irá ser punido”, disse Edison completando que “se um havaiano ver alguém pegar uma onda que seu amigo queria, ele irá até a praia e te bater. Eles irão dizer a você para ir embora e não voltar mais”.
Sunny Garcia (HAV) no Vans World Cup Of Surfing 2011 - foto: Kelly Cestari (ASP).
A comunidade de surfistas ficou a par da tensão entre os havaianos e os brasileiros em 20007 durante a competição Pipeline Masters, quando o surfista catarinense Neco Padaratz se envolveu em uma briga com o popular surfista local Sunny Garcia. O atrito, que começou na água, se estendeu até a areia onde outras pessoas se envolveram. A briga terminou com a intervenção da polícia que teve que escoltar Neco para fora da praia.
Não se sabe exatamente quantas brigas já aconteceram entre os brasileiros e os nativos, na temporada das ondas altas, vídeos de brigas são colocados no Youtube mostrando como a xenofobia está invadindo o paraíso.
“O problema que os brasileiros têm é que nossa cultura é muito diferente da cultura americana”, disse Edison, que apesar dos 20 anos morando no Havaí, diz que ainda não é aceito como um verdadeiro “local”. “Os brasileiros são pessoas naturalmente alegres. Nós expressamos isso na forma como nos comportamos e falamos e, às vezes, na forma agressiva que pegamos as ondas. Isso é mal interpretado porque nós somos normalmente barulhentos e isso chateia as pessoas”.
Muitos havaianos acusam os brasileiros de roubar a onda do surfista que tem a preferência, o que pode causar acidentes.
Ken Bradshaw, um aclamado residente de North Shore, que por muitos anos acreditou ter surfado a maior onda de todos os tempos, disse que os brasileiros são impopulares no Havaí agora como foram os australianos na década de 1970. “Nosso problema com os brasileiros é um pouco como o que tivemos com os australianos. Eles vêm aqui se impondo. Mas aqui não é a casa deles. Eles são convidados em nossa casa, mas não mostram nenhum respeito”.
Atrás dos insultos e intermináveis brigas existe um fato: o surfe é, e sempre será, uma luta direta pelo valorizado lugar que é o topo das melhores ondas.
Uma das pessoas que está à frente das disputas com os brasileiros é Kala Alexander, líder de um grupo racista chamado de The Wolfpak, que é tido como responsável por diversos ataques contra os brasileiros. Em declaração a um jornal local, que questionou como eles irão lidar com os estrangeiros, Kala disse que “talvez eu vou remar até você, te dizer para ir embora. Mais tarde eu irei lhe encontrar ou alguns outros irão e você aprenderá uma lição”.
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