por João Carvalho / ASP. - 28/07/11 - 20:11 - link fonte:
O paranaense Peterson Rosa ganhou a primeira, contra o norte-americano Shea Lopezfoto: Cestari / ASP
As ondas continuaram pequenas na quarta-feira, mas com melhor formação e paredes mais longas para as manobras dos grandes ídolos do surfe mundial e brasileiro no Arpoador, Rio de Janeiro.
O segundo dia do SuperSurf ASP World Masters Championship marcou a estreia da categoria Grand Masters, que reúne as verdadeiras lendas vivas do início do Circuito Mundial na década de 70. Eles entraram logo depois da segunda fase Masters, que abriu mais um lindo dia de céu azul na capital carioca. Para a quinta-feira, a previsão é começar com a Grand Masters, às 8 horas no Arpoador.
Os competidores com 50 anos ou mais de idade já estavam ansiosos para surfar e o campeão mundial de 1977, Shaun Tomson, conquistou a primeira vitória da categoria com a nota 8 na onda que pegou nos minutos finais da bateria. Ninguém conseguiu bater os 12,75 pontos que ele somou contra os havaianos Hans Hedemann e Buzzy Kerbox, além do brasileiro Daniel Friedman, que venceu a etapa do Circuito Mundial no Arpoador também no ano de 1977.
"É demais estar na água com a lycra de competição, a mente voa direto para os tempos de competidor", falou Shaun Tomson. "É irado saber que minha mulher está em casa vendo isso, meu filho também, minha mãe, como é bom estes tempos de internet. Foi muito divertido estar lá dentro com grandes surfistas. As ondas estão até boas quando vêm, só que bem difícil de achar, então a sorte conta um pouco nessa condição. Eu amo o Rio de Janeiro, foi aqui que eu pedi minha mulher em casamento e ela aceitou! (risos). Foi quando estive aqui em 1987 e tenho grandes amigos no Brasil, como o Rico de Souza, Ricardo Bocão, Otávio Pacheco, e todos desta época estão aqui, então está tudo maravilhoso".
Diferente da categoria Masters, dos surfistas com 36 a 49 anos, o clima de confraternização na Grand Master se fez mais presente na maioria das baterias. Glen Winton foi quem mais venceu baterias na categoria Masters, 24 nas seis edições da competição, entre 1997 e 2003. Mas, ele já completou 50 anos e estreou na Grand Masters superando dois campeões mundiais, Peter Townend (1976) e Wayne Bartholomew (1978), que no Mundial Masters de 2003 no Havaí, faturou seu segundo título na categoria sem perder nenhuma bateria em Makaha Beach.
Na disputa seguinte, devido a uma contusão no ombro, o australiano Ian Cairns foi autorizado a entrar de "Stand Up", modalidade que o surfista fica em pé na prancha com um remo para pegar as ondas. O havaiano Michael Ho ganhou a bateria e chegou a brincar com ele, balançando a prancha com as duas mãos por trás até derrubá-lo na água. Michael já tem um título Grand Master (2000) e é recordista com 36 baterias disputadas nas seis edições do Mundial Masters.
CLIMA COMPETITIVO - O clima mais competitivo só aflorou no último confronto do dia, com Terry Richardson e Terry Fitzgerald, na disputa pelas ondas no Arpoador. Os dois saíram do mar discutindo, mas ficou nisso. Richardson foi o primeiro campeão mundial Masters na história da ASP, em 1997 em Fiji, também venceu a última edição do Waimea 5000 no Arpoador em 1982. Cheyne Horan foi bicampeão neste evento em 1978 e 1981 e ficou em terceiro nesta bateria que terminou com o Zé Alla em segundo lugar, melhor resultado dos brasileiros na categoria Grand Masters.
Na Masters que abriu a quarta-feira, foram quatro vitórias verde-amarelas seguidas nas primeiras baterias do dia. O paranaense Peterson Rosa ganhou a primeira, contra o norte-americano Shea Lopez, o niteroiense Guilherme Herdy e o australiano Barton Lynch. "Foi muito bom ter conseguido esses 10 pontos importantes para a classificação para as quartas de final. É muito legal esse formato porque você sabe que tem outras chances, mas fiquei nervoso antes da bateria ontem (terça-feira), hoje também, é competição mesmo, sempre tem a ansiedade, o frio na barriga. É como o Barton Lynch falou lá dentro, que há 8 anos ele não vestia uma lycra de competição. Para mim é um prazer estar aqui com todos estes ídolos que fizeram a história do surfe, além de fazer parte disso também", falou Peterson Rosa.
VITÓRIAS BRASILEIRAS - No segundo confronto do dia, o tricampeão mundial Masters nas últimas edições do evento, Gary Elkerton, chegou tarde, entrou depois da bateria ser iniciada e saiu antes dela terminar, sem achar ondas na difícil condição do mar no Arpoador. O paraibano Fábio Gouveia ainda derrotou o havaiano Kaipo Jaquias e o australiano Richard Lovett nesta segunda bateria. Na terceira, o paulista da Equipe Hang Ten, Renan Rocha, também festejou sua primeira vitória contra o havaiano Derek Ho, o australiano Jake Paterson e o americano Richie Collins.
"Essa fórmula desse campeonato é sensacional não só para os atletas, mas também pro público", destaca Renan. "Em um evento normal, eliminatório desde a primeira fase, muita gente que sai de casa e vem pra praia, pode nem ter a chance de ver o seu ídolo competir. Com essas cinco fases, isso não acontece. O público vibra mais na praia e acho que a ASP poderia até pensar em introduzir este formato em outros eventos. Ontem eu perdi, hoje venci, amanhã tem mais e isso é muito bom, sem falar que competir com essa galera, nossos ídolos, não tem preço. Mas, está rolando sim um clima de competição dentro d´agua. Quando começa a bateria, tem uns 70% que estão com sangue nos olhos".
INVICTOS NO ARPEX - A quarta vitória brasileira seguida foi conquistada pelo cabo-friense Victor Ribas, que bateu até o tricampeão mundial Tom Curren para manter sua invencibilidade no SuperSurf ASP World Masters Championships, além dos brasileiros Flavio Padaratz e Jojó de Olivença. Só Vitinho e o australiano Nathan Webster ganharam as duas baterias que disputaram no Arpoador e lideram a tabela de classificação para as quartas de final com 20 pontos.
A quarta vitória brasileira seguida foi conquistada pelo cabo-friense Victor Ribasfoto: Cestari / ASP.
"A bateria foi bem disputada, o Tom Curren quase virou no final e optei em sair pegando onda, tática de sobrevivência. Acho até que peguei onda demais e o pessoal reclamou", contou Victor Ribas, que está encarando o evento de forma totalmente profissional. "Está valendo dinheiro, tem o respeito, todo mundo surfa pra caramba, tem sua história, mas sou profissional, ainda estou ganhando a vida com isso e aqui é um campeonato que vale uma grana boa. Não dá para ficar nessa de respeitar, ainda mais com pouca onda. Tem que se posicionar bem para pegar as melhores e se impor".
O outro invicto no Arpex, Nathan Webster, derrotou o campeão mundial Mark Occhilupo, o bicampeão brasileiro Ricardo Toledo e o americano Brad Gerlach, que ficou só brincando com as ondinhas, surfando de base trocada. "Eu estou muito feliz, me sentindo um garoto de novo (risos), como se fosse meu primeiro ano no Circuito Mundial, com todos esses caras que já estavam lá quando eu comecei. É muito irado e estou me divertindo bastante", disse Webster.
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