Por: João Carvalho
Gabriel Medina (SP) no Billabong Pipe Masters 2012foto: Kirstin Scholtz (ASP)
“Foi muito bom competir em Pipe com boas ondas assim”, disse Gabriel Medina. “Estou muito feliz por ter tido esse privilégio. Onde eu moro também tem muitos tubos, surfei lá minha vida toda e acho que isso está me ajudando aqui. Já ouvi pessoas dizendo coisas sobre mim, que não sou capaz de surfar tão bem de backside, que não sei ficar dentro dos tubos, mas não me importo. Eu tenho treinado bastante e acho que estou melhorando cada vez mais”.
Medina estreou na melhor hora do mar, quando as séries de 6-8 pés ficaram mais constantes, com grandes tubos tanto nas esquerdas de Pipeline como nas direitas do Backdoor. No sistema “dual heat format”, idealizado por Kelly Slater, com duas baterias sendo disputadas simultaneamente, o fenômeno brasileiro acabou competindo junto com Joel Parkinson, que começava a defender a liderança do ranking contra o havaiano Kalani Chapman.
A prioridade de escolha das ondas era da bateria do australiano quando entrou uma série bombando em Pipeline. Chapman pegou a primeira, saiu limpo do tubo e a praia aplaudiu, mas não conseguiu a virada no placar. O australiano entra na de trás atrasando tudo pra encaixar seu backside num grande tubo, mas cai. E na terceira onda surge Gabriel Medina em um tubo incrível, em pé, no melhor estilo “Gerry Lopez”, mestre dos mestres em Pipeline, para ganhar nota 9 dos juízes. Com ela, abre grande vantagem sobre seu adversário, o americano Kolohe Andino.
No fim da bateria do Parko, ele confirma a vitória em um tubaço no Backdoor que igualou a nota 9 de Medina. Só que o brasileiro ainda tinha mais para mostrar. Os australianos Josh Kerr e Bede Durbidge entraram para dividir o “line up” na segunda metade da bateria, mas a prioridade de escolha passou a ser de Gabriel Medina e Kolohe Andino. Logo Medina vem em outro tubo perfeito em Pipeline, some na cortina de água, reaparece com o ”spray” na saída e recebe 9,5 para estabelecer um novo recorde de 18,50 pontos para o Billabong Pipe Masters 2012.
Sacramentada a primeira classificação brasileira para a quarta fase, Josh Kerr e Bede Durbidge seguiram duelando em uma das melhores baterias do dia. Ambos surfaram ótimos tubos e Bede quase consegue a segunda nota 10 do campeonato, mas acaba derrotado por 18,13 a 17,13 pontos. A única nota máxima saiu para o norte-americano Dane Reynolds também nas direitas do Backdoor, para vencer justamente a bateria de estreia de Adriano de Souza na terceira fase. Mineirinho pode até perder seu posto de top-5 do ranking mundial no Havaí.
Kelly Slater também deu o seu show e ampliou o recorde de Gabriel Medina para 18,63 pontos, com notas 9,73 e 8,90 nos melhores tubos que surfou contra outro convidado havaiano especialista em Pipeline, Billy Kemper. Com a vitória, Slater segue na briga por mais um título mundial contra Joel Parkinson. Já Mick Fanning, foi eliminado por pouco pelo havaiano Shane Dorian no encerramento da terceira fase e saiu da disputa.
Parkinson já passou para as quartas de final no último confronto do domingo e Slater assume a ponta do ranking se também se classificar, com os dois podendo até decidir o título na grande final. A bateria dele contra Gabriel Medina e Josh Kerr e a do Miguel Pupo com o também australiano Yadin Nicol e o havaiano Shane Dorian, ficaram para abrir o último dia, que pode ser nesta segunda-feira se as ondas continuarem tão boas quanto no sábado e domingo no Havaí. Ou no swell que está previsto para entrar no próximo fim de semana, já que o prazo do evento só termina no dia 20.
O mar variou bastante durante o dia. Começou com as direitas do Backdoor proporcionando os melhores tubos nas derrotas de Alejo Muniz para o mesmo Shane Dorian e de Ricardo dos Santos para o australiano Bede Durbidge nos primeiros confrontos do domingo, ainda pela segunda fase da competição. Pipeline passou a bombar os tubos nas esquerdas quando Miguel Pupo conquistou a primeira vitória brasileira do dia, despachando o vencedor da Vans World Cup, Adam Melling, com notas 8,33 e 7,33.
Sebastien Zietz (HAV) no Billabong Pipe Masters 2012foto: Kelly Cestari (ASP)
Com este resultado, o havaiano Sebastien Zietz foi consagrado campeão da Tríplice Coroa, levando os prêmios especiais pelos 30 anos da Vans Triple Crown of Surfing, 100 mil dólares em dinheiro, uma moto Harley Davidson e um relógio Nixon cravejado com mais de 200 diamantes, estimado em 10 mil dólares. Isso sem falar que ele ainda confirmou sua entrada no WCT no Havaí e já tinha faturado 40 mil dólares pela vitória no Reef Hawaiian Pro em Haleiwa e 12 mil dólares pelo terceiro lugar na Vans World Cup em Sunset.
Já Gabriel Medina agora pode até conseguir um lugar no seleto grupo dos top-5 do ranking mundial na sua primeira temporada completa no ASP Tour. Ele tira o também paulista Adriano de Souza dessa lista se ganhar mais uma bateria em Pipeline. E tem duas chances para isso. A primeira é contra Kelly Slater e Josh Kerr. Caso não consiga nessa, já que Slater também vai querer a vitória a qualquer custo porque lhe garante a liderança na corrida pelo título mundial do ASP Tour 2012, tem outra na repescagem.
Miguel Pupo (SP) no Billabong Pipe Masters 2012foto: Dunbar
Miguel Pupo derrotou o francês Jeremy Flores na sua segunda bateria no domingo e vai enfrentar a fera havaiana, Shane Dorian, e o australiano Yadin Nicol na disputa pela última vaga direta para as quartas de final. Dorian já acabou com as chances de Alejo Muniz continuar na busca pela Tríplice Coroa e de Mick Fanning na briga do título mundial. E Nicol é o único que ainda luta pela última vaga no WCT de 2013, mas tem que vencer o Pipe Masters.
Quem também tentava se manter na elite dos top-34 era o cearense Heitor Alves. Ele precisava de um nono lugar no mínimo, ou seja, chegar na fase que estão Gabriel Medina e Miguel Pupo. No entanto, Heitor não achou as ondas, cometeu interferência na primeira que pegou, por disputar com um surfista da outra bateria que tinha prioridade de escolha, sendo facilmente batido pelo defensor do título em Pipeline, Kieren Perrow.
Cinco brasileiros se classificaram para os top-34 do WCT 2013, os paulistas Adriano de Souza, Gabriel Medina, Miguel Pupo, Filipe Toledo e o catarinense Alejo Muniz. O carioca Raoni Monteiro pode ser o sexto, se receber um dos dois wildcards (convites) que a ASP reserva para os atletas que se contundiram durante a temporada, como ele. O outro deve ficar com o havaiano Dusty Payne, eliminado pelo catarinense Ricardo dos Santos na primeira fase.
Transmissão Ao Vivo
Nenhum comentário:
Postar um comentário