Autor SurfPE - Por: João Carvalho - 16/05/11 - 14:51 - link fonte:
Finalista em todas as cinco etapas do World Tour Feminino 2011, a havaiana Carissa Moore, 18, consolidou-se na liderança do ranking com a terceira vitória conquistada neste domingo de sol e ondas com cerca de 1 metro na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro (RJ).
A final no Billabong Rio Pro foi contra a única surfista que a derrotou neste ano, a australiana Sally Fitzgibbons, 19. Apenas as duas brigam pelo título mundial de 2011 nas outras duas etapas que restam para fechar a temporada feminina neste ano.
Depois de dois dias de chuva e céu nublado, o Rio de Janeiro mostrou sua cara no domingo e a Barra da Tijuca ficou lotada desde cedo, reunindo cerca de 10 mil pessoas ao longo do dia.
A maioria do público queria ver Kelly Slater, mas o dia foi reservado só para as meninas de novo. Isto porque o prazo da etapa feminina termina nesta segunda-feira, enquanto a masculina vai até o domingo. A expectativa agora é para que o Billabong Rio Pro seja iniciado na segunda-feira e a primeira chamada já foi marcada para as 7 horas na Barra da Tijuca.
Mesmo assim, a torcida permaneceu na praia para acompanhar o show da nova geração do surf feminino. Como vinha fazendo em todas as baterias, a havaiana Carissa Moore começou melhor a final com uma nota 6.77, contra uma 6.50 de Sally Fitzgibbons.
Enquanto a havaiana usava como principal arma a força nas manobras principalmente de backside, a australiana buscou a variação e até aéreo ela acertou durante a bateria. No entanto, Carissa Moore aumentava a vantagem a cada onda surfada.
A vitória foi praticamente confirmada quando Fitzgibbons pegou uma onda fraca e sobrou a de trás, que era bem melhor, para Moore. A havaiana não desperdiçou a chance, começou com um floater longo, emendou uma rasgada jogando muita água e mais uma batida forte na finalização.
Esta onda valeu nota 8.10 e garantiu o prêmio de US$ 25 mil para Carissa Moore, com Sally Fitzgibbons levando US$ 9 mil pelo vice-campeonato. O placar final foi de 14.87 x 13.80 pontos.
"Estou muito feliz, muito feliz mesmo", vibra Carissa Moore. "Eu tentei não colocar pressão alguma em mim mesma e acho que consegui. Já estava contente por estar em mais uma final, surfei tranquila e deu tudo certo pra mim. Me diverti muito aqui no Rio, é um lugar muito bonito, tive algumas baterias difíceis durante o dia, mas consegui encontrar o ritmo e me dar bem na final", completa.
Com a vitória, a havaiana abriu 5.350 pontos de vantagem no ranking sobre Sally Fitzgibbons, mas prefere não falar sobre título mundial. "Ainda temos duas etapas pela frente e tudo pode acontecer. A Sally é uma ótima atleta, vem surfando muito bem e temos também a Coco (Ho) e a Steph (Stephanie Gilmore) surfando muito forte. Acho que este ano, especialmente, o nível está muito alto e todas as meninas vêm evoluindo bastante a cada campeonato", relata Carissa.
Sally Fitzgibbons fica em segundo lugar e ainda quer título do World Tour 2011. Foto: © ASP / Cestari.
Apesar de um pouco frustrada pela derrota, a primeira em finais contra Carissa Moore, Sally Fitzgibbons gostou bastante de competir no Rio de Janeiro.
"Com certeza não é o resultado que eu queria, mas não deixa de ser um bom resultado. Não é toda final que a gente consegue vencer, mas o mais importante é que me diverti muito aqui no Rio nesses dias e agora só quero descansar e continuar treinando forte. Só espero que os próximos eventos sejam tão legais como esse, mas que eu possa vencer", diz Fitzgibbons.
Sally acabou com a esperança de Stephanie Gilmore conseguir o pentacampeonato mundial ao derrotá-la nas semifinais. A australiana reinou absoluta desde que estreou na elite do ASP Women´s Tour em 2007, faturando o título também em 2008, 2009 e 2010. Agora, vai ter que passar a coroa de melhor surfista do mundo para Carissa Moore ou Sally Fitzgibbons.
"Não sei nem o que dizer", começa Stephanie Gilmore, não conseguindo impedir as lágrimas. "Este ano tem sido bem difícil pra mim. Não é fácil pra ninguém perder depois de vencer durante quatro temporadas. Eu entendo que isso é bom para o esporte em geral. As meninas este ano vieram com tudo e está difícil vencê-las. Mas esporte é assim, sempre existem vencedoras e perdedoras e eu vou continuar brigando e buscando vitórias sempre", diz Stephanie.
Silvana Lima fica com a terceira colocação. Foto: © ASP / Kirstin.
Silvana Lima contou com todo apoio da torcida no domingo e também lamentou ter saído da briga do título. A brasileira passou pela neozelandesa Paige Hareb na quarta fase e pela australiana Tyler Wright nas quartas-de-final, mas foi barrada pela campeã Carissa Moore nas semifinais.
A havaiana já começou a bateria numa boa esquerda, acertou duas manobras fortes de backside com bastante pressão e velocidade para receber nota 8.50 dos juízes. Silvana tentou reverter o resultado várias vezes e até levantou a torcida na sua melhor onda, mas não conseguiu.
"A Carissa começou muito bem, logo no inicio pegou uma onda 8.50, entrou com o pé direito. O mar está bem difícil, ventando muito, meio balançado e eu tentei dar o máximo de mim, pois queria muito fazer a final aqui", lamenta Silvana Lima, que perdeu a chance de título mundial com a derrota.
"Na real já vim para o Brasil achando que não dava pra mim. Esse ano as meninas começaram forte, tanto ela (Carissa Moore) como a Sally (Fitzgibbons), então sabia que era bem difícil entrar na disputa do titulo e eu vim pra cá mesmo pensando em conseguir uma vitória em casa, mas não deu".
As duas últimas etapas do ASP Women´s Tour 2011 serão na França e nos Estados Unidos. A da França será realizada nos dias 11 a 17 de julho em Cote de Basques, Biarritz, enquanto a dos Estados Unidos está marcada para os dias 1 a 6 de agosto em Huntington Beach, Califórnia. Pela primeira vez em muitos anos, não haverá nenhuma etapa feminina no Hawaii.
Futuro verde O domingo de sol na praia da Barra da Tijuca foi o palco perfeito para as melhores surfistas do mundo desfilarem suas manobras no Billabong Rio Pro, etapa do Circuito Mundial, apresentada pela Prefeitura do Rio.
Este foi também o cenário ideal para cerca de 20 crianças de escolas municipais da região, membros da ONG O´Surfe, que atua no Recreio dos Bandeirantes, terem uma aula de educação ambiental e preservação da natureza. Os alunos plantaram mudas de vegetação de restinga que ajudarão a equilibrar o ecossistema e anular as emissões de Carbono geradas pelo evento.
"Plantaremos mais de 200 mudas simbolicamente aqui na praia até o fim do evento. Outras 700, que anularão as emissões de Carbono do Billabong Rio Pro serão plantadas em uma região degradada da cidade que ainda será escolhida pela prefeitura", diz Flavia Hila, coordenadora da ONG E-consciente, que organizou a ação.
Alunos de outras escolas ainda participam da atividade até o fim do campeonato, que vai até dia 22 de maio. Além das crianças o surfista brasileiro Alejo Muniz, uma das maiores revelações do esporte, também participou do plantio.
"Essa iniciativa de preservação começou com os surfistas aqui no Rio, em 2000, durante um campeonato na praia da Macumba. Foi lá que tivemos a ideia de criar um local de preservação permanente e daí surgiram os canteiros que temos hoje em toda a orla da cidade", conta Abílio Fernandes, presidente da Federação de Surf do Rio de Janeiro e da APA Marapendi.
No Billabong Pro Imbituba, que aconteceu em Santa Catarina, no ano passado, foram emitidas 70 toneladas de CO2. A organização ainda não sabe precisar quanto o evento do Rio emitirá, mas já prepara, além das mudas, adubo na própria arena para suprir esta necessidade.
"Todo o lixo orgânico gerado na área de competição está sendo recolhido e separado. Depois mandamos para a empresa VideVerde, que faz a compostagem e nos devolve como adubo", explica Flávia Hilla.
A ONG Tem Quem Queira, que utiliza o trabalho de presidiárias que estão em regime semi-aberto para transformar lixo em objetos variados usará as lonas que cobrem as tendas do evento para produzir capas de prancha. Todo o material, como linhas e zíperes serão doados.
Resultado do Billabong Girls Pro Rio 2011
1 Carissa Moore (Haw)
2 Sally Fitzgibbons (Aus)
3 Silvana Lima (Bra)
3 Stephanie Gilmore (Aus)
5 Tyler Wright (Aus)
5 Courtney Conlogue (EUA)
5 Pauline Ado (Fra)
5 Laura Enever (Aus)
9 Paige Hareb (Nzl)
9 Alana Blanchard (Haw)
9 Coco Ho (Haw)
9 Sofia Mulanovich (Per)
13 Maya Gabeira (Bra)
13 Suelen Naraisa (Bra)
13 Andrea Lopes (Bra)
Ranking do ASP Women’s World Tour 2011 depois de 5 etapas
1 Carissa Moore (Haw) – 47.000 pontos
2 Sally Fitzgibbons (Aus) – 41.650
3 Tyler Wright (Aus) – 30.620
4 Stephanie Gilmore (Aus) – 29.350
5 Silvana Lima (Bra) – 27.920
6 Coco Ho (Haw) – 25.300
7 Courtney Conlogue (EUA) – 24.000
8 Sofia Mulanovich (Per) – 23.750
9 Chelsea Hedges (Aus) – 20.550
10 Pauline Ado (Fra) – 20.325
11 Laura Enever (Aus) – 17.125
12 Paige Hareb (Nzl) – 17.100
13 Melanie Bartels (Haw) – 13.720
14 Rebecca Woods (Aus) – 11.175
14 Jessi Miley-Dyer (Aus) – 11.175
14 Jacqueline Silva (Bra) – 11.175
14 Alana Blanchard (Haw) – 11.175
18 Claire Bevilacqua (Aus) – 7.175
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