sexta-feira, 29 de abril de 2011

Diga NÃO à proibição do surfe em Itapuama.


Autor: SurfPE - por: SurfGuru - 29/04/11 - 12:14 - link fonte:

Placa avisando sobre o risco de ataques de tubarão em boa viagem


O CEMIT, Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões, foi criado em 17 de maio de 2004 pelo Governo do Estado de Pernambuco, através do Decreto nº 26.729.

São membros efetivos do CEMIT a Secretaria de Defesa Social (SDS), Instituto Oceanário de Pernambuco, Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Corpo de Bombeiros de Pernambuco (CBMPE), Instituto de Medicina Legal (IML) e Agência Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (CPRH).

O Instituto Praia Segura participa ativamente das reuniões como convidado, e representa o surfe pernambucano, já que a Federação Pernambucana de Surfe, que tem cadeira reservada para participar das reuniões, nunca se faz presente.

Dentre as decisões tomadas neste Comitê está a de proibir a "prática do surfe" desde 2004 nas praias de Recife, Olinda e Jaboatão, instalando inclusive placas nas praias avisando sobre esta proibição.

As ações tomadas em seguida pela Universidade de promover a pesca controlada de tubarões nas águas da região metropolitana, bem como o fechamento de um matadouro, que descartava de forma sistemática sangue e carcaça de boi nas águas do rio jaboatão, parecem ter surtido efeito.

Nos anos que se seguiram os ataques diminuíram consideravelmente, tendo inclusive deixado de ocorrer durante os últimos dois anos.

Na reunião que ocorreu na Universidade Federal Rural de PE em 8 de fevereiro deste ano, ocorreu um fato inusitado, e que vai de encontro à lógica de raciocínio: dois pesquisadores do Instituto Oceanário concluíram que a área de proibição do surfe deveria se estender mais para o Sul, incluindo a praia de Itapuama na zona proibida, praia esta que é um dos berços do surfe pernambucano, e que jamais foi registrado em suas águas nenhum tipo de ataque, nem a surfistas nem a banhistas.

Uma pessoa de bom raciocínio concluiria que: se os ataques têm diminuído cada vez mais, seria lógico que as proibições devessem cessar, ou pelo menos serem diminuídas.

Os pesquisadores Ana Paula e Alexandre Carvalho, pelo contrário, decidiram por expandir a proibição até a praia de itapuama. Sem apresentar nenhuma conclusão técnica ou científica que respaldasse tal decisão, a votação foi feita pelos membros do CEMIT sem que nenhum representante da comunidade do surfe fosse consultada, e o projeto para modificar a lei foi imediatamente aprovado.

Curiosamente o membro do Instituto Praia Segura havia se ausentado da reunião um pouco antes, e esta decisão arbitrária, que foi tomada em apenas alguns minutos de discussão, somente chegou ao conhecimento dele por meio da ata da reunião, que lhe foi enviada por email, desencadeando uma ação imediata para evitar que esta decisão arbitrária fosse adiante para se tornar lei.

Segue parte da ATA DE REUNIÃO DO CEMIT REALIZADA EM 8 DE FEVEREIRO DE 2011 NA UFRPE:

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Sra. Ana Paula (Instituto Oceanário PE) que fez uma apresentação de um trabalho de campo realizado na área do Paiva e Itapuama. A Sra. Ana Paula explicou que com o advento da Ponte do Paiva, o trânsito de pessoas na região, oriundas de Curcurana e Pontezinha, vindas de ônibus ou mesmo de bicicletas, havia crescido bastante, aspecto que havia contribuído para o aumento da prática do surf na área.

Disse que em janeiro, por exemplo, a equipe do Instituto havia estado no local e que na ocasião havia constatado uma grande quantidade de surfistas praticando o surf em área proibida, exibindo, em seguida, alguns slides contendo imagens da prática descrita.

Por fim, com base no exposto, a Sra. Ana Paula alertou para a necessidade de se reavaliar o decreto de proibição dos esportes náuticos na área de risco, no sentido de possivelmente estender o limite de proibição até a Praia de Ponta do Xaréu.

O Sr. Alexandre Carvalho, afirmando não acreditar que aquele fosse um procedimento complicado, sugeriu que o CEMIT encaminhasse uma solicitação de modificação da lei ao Governo do Estado.

O Prof. Fábio Hazin, após perguntar se todos estavam de acordo em se tomar tal decisão, e em não tendo havido nenhum posicionamento em contrário, informou que enviaria para a SDS uma proposta de extensão do limite do decreto até a Praia de Ponta do Xaréu.

Ainda sobre a Praia do Paiva, o Sr. Alexandre Carvalho relatou que havia sentido certa dificuldade em realizar o trabalho do Instituto naquela área, no seu entendimento possivelmente porque a questão dos ataques de tubarão representava uma ameaça aos empreendimentos da região.

Neste sentido, citou, inclusive, um episódio em que o segurança de um dos condomínios impediu a entrada do carro do Instituto no local, expressando, assim, a sua preocupação até mesmo com a integridade física do seu pessoal. Defendeu, também, a necessidade de se fazer um trabalho de educação ambiental naquela comunidade, por conta do aumento de pessoas na região, conforme explanado pela Sra. Ana Paula, fenômeno este que era igualmente motivado pelo já longo tempo decorrido desde o último ataque de tubarão, o que fazia com que as pessoas se esquecessem do perigo e ficassem menos cuidadosas.

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No texto acima fica evidente o caráter preconceituoso que o nosso amado esporte, o surfe, é tratado pelos membros do CEMIT, tratando a "prática do surfe" como se fosse uma contravenção, quase que comparando com a "prática de roubo".

Além disso, torna-se evidente que os representantes do CEMIT querem decidir pelos surfistas o que eles devem fazer, tratando o surfe com uma proibição, enquanto o banho de mar não é proibido, deixando apenas um "aviso" aos banhistas nas placas: Evite o banho de mar...

Em países desenvolvidos, como os EUA e Austrália, aonde os ataques de tubarão são muito mais frequentes do que em Recife, as placas mostram o risco de ataques de tubarão, porém não há proibição de surfe, apenas um aviso alertando sobre o risco e informando: Entre pelo seu próprio risco.

Em pernambuco já houve um tempo que os surfistas eram perseguidos, suas pranchas apreendidas, e queimadas, como uma verdadeira caça às bruxas, denegrindo a imagem do esporte, e trazendo grande prejuízo ao esporte no estado.

Foi criado recentemente um abaixo-assinado eletrônico para ser enviado ao Governo do Estado de Pe, em que os signatários repudiam tal prática abusiva de proibir o surfe em Itapuama:

Vamos fazer a nossa voz ser ouvida pelo Governo do Estado.

Não à proibição do surfe.

ALOHA

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