Autor: SurfPE - por: Ruclécio Lucena (Correspondente de Novas Tecnologias) - 25/08/10 - 10:19.
16 de agosto,ao chegar ao aeroporto do Recife lembrava da ansiedade durante a semana, era uma das maiores que já senti, pois monitorei a semana toda um swell que poderia chegar em Pico Alto, algo que nunca vira pessoalmente, apostava em 22 pés, e não me sentia preparado pois, devido ao aumento de encomendas de pranchas nos últimos tempos, não me dera tempo para uma preparação adequada, a adrenalina fazia parte de cada momento.
Embarcamos e,ao chegarmos em Lima, o primeiro estresse: nossa bagagem, mais precisamente a prancha de Gizele, parecia ter sido extraviada.
Após 2 horas prestando queixa no balcão da TAM, demos endereço e contatos de onde ficaríamos, e pasmem, as 22:00h horário local entregaram nossa prancha.No entanto, tínhamos um quiver em Luisfer Surfcamp de 3 pranchas que deixamos a três meses atrás o que nos tranqüilizava um pouco. Devido ao contratempo, não surfamos nesta data.
Dia seguinte fomos para Punta Rocas, com uma transformer 6’3’’, pois um paulista tinha nos dito que havia 4 a 5 pés no dia anterior. O mar quebrava 8 a 9 pés com uma formação linda , mais pesada como lhe é de costume.
Apesar disto fizemos boas sessions não registradas. No mesmo dia Luisfer perguntou se queria cair em Pico Alto, e com a afirmativa, fomos no dia seguinte, eu , seu filho Luisito e o mestre das grandes ondas, fizemos boas ondas com séries de 15 a 17 pés, como de costume Luisito, um jovem com espírito de guerreiro, desafiou as ondas com a leitura que herdara de seu pai, o mestre Luisfer que ,mesmo machucado, exaltava sua maestria em curvas explosivas e fechadas no lugar mais critico das maiores ondas.
Eu, em um momento sublime, conseguira entubar em uma onda que me parecia ter 17 pés; Luisito, que estava no canal, me disse: “ Ruclécio, he visto todo, si tuviese una camara... El tubo fue buenaso”. Sentir ter tirado sorte grande apesar da pouca experiência.
Ao anoitecer soube que haveria um campeonato de ondas gigante na remada em Pico Alto no dia seguinte.
O Billabong Pico Alto Invitacional 2010, contou com a presença de Carlos Burle,Greg Long, Ramon Navarro e outros renome no cenário e nacionalidades como: USA, África do Sul, Hawaii, México entre tantos outros países. Nesta noite, o Luisfer disse:”O mar vai estar gigante, falam em 30 pes para amanhã, se formos as 5:45 da manhã faremos tow-in até as 9:00h quiser ir...” Mais uma vez confirmei ao amigo que estava ali para isto! Não consegui dormir a noite de tanta expectativa.
No dia seguinte vi ondas de 28 pés e foram registradas ondas minhas que acredito ter em torno de 22 pés, durante a competição o Carlos Burle afirmou ter pego uma onda de 30 pés na remada. Mais uma vez me impressionou a audácia de Luisito, assim como de Guilhermo, campeão do ultimo campeonato de tow-in em Ufos Point.
Porém nem tudo eram flores; em uma das minhas ondas tive o desprazer de conhecer o tão comentado quarto escuro de Pico Alto, passei muito tempo em baixo d’água e ao retornar não pude ser resgatado pois atrás veio uma onda que acredito ter 25 pés e só deu tempo para respirar o suficiente para não desmaiar.
Foi neste momento, onde conheci o tal quarto. Ao subir devido ao colete salva vidas que usamos nesta modalidade pois ajuda na subida de um caldo, vi o Mestre Luisfer e o campeão Guilhermo com olhos arregalados e gritando “estais bien, Ruclécio” enquanto seu filho Luisito me resgatava gritando “rápido Ruclécio, bora bora”.
Olhei para todos e os tranqüilizei–os dando um uivo e falando “ conheci o tal quarto!”, e todos voltaram a ter o semblante que deveriam. As imagens que fizemos serão lembranças impagáveis.
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